S13T91

Os Substratos da História. A Arqueologia e suas Ações com a Comunidade Local

S13 Cultura material, Gestão de Acervos e Compartilhamento de Saberes

S13T91

Ana Paula Gomes Bezerra;

 

Esta comunicação tem como objetivo apresentar o resultado de algumas ações educativo-patrimoniais realizadas na Casa do Capitão-mor, na cidade de Sobral. Sendo um dos equipamentos culturais da cidade que mais dialogam com a arqueologia, pois foi escavada em meados do ano 2000 e possui um acervo arqueológico diversificado e bastante expressivo para a História da cidade. Algumas ações foram desenvolvidas para aproximar a comunidade local e visitante da história local, dentre elas a criação de um percurso arqueológico que objetivava apresentar os substratos da História de Sobral. As atividades estiveram voltadas ainda para formações interativas entre arqueólogos e membros da comunidade, tanto no que coube ao conhecimento da tipologia do material presente no acervo, como nas exposições e palestras que tinham como proposta o diálogo da sociedade com a arqueologia e história. Foi possível observar que a cultura material suscitou memórias que se traduziram em uma ampliação do diálogo que nós, arqueólogos, não poderíamos acessar se estas práticas de Educação Patrimonial não fossem dimensionadas na voz da comunidade.

S13T44

A Arqueologia Publica como Ferramenta na/para Proteção dos Bens Materiais e Imateriais do Povo Karão Jaguaribaras da Serra De Baturité, Ceará

S13 Cultura material, Gestão de Acervos e Compartilhamento de Saberes

S13T44

Francisco Gleidison Cordeiro Lima; Rhuan Carlos dos Santos Lopes

 

Os povos nativos no Ceará vêm a muito tempo mostrando seu protagonismo de luta e resistência, o que se reflete nas suas retomadas de espaços. Nesse contexto, o povo Karão Jaguaribaras tem se reorganizado desde o início dos anos 2000 e se mostra à sociedade em a partir de 2018. Tendo como território a Serra de Baturité, no centro-norte do estado, esse povo enfrentou um grande massacre colonial em 1725 que, no ensejo do processo colonizador, provocou o seu silenciamento enquanto povo indígena. Tendo isto em vista, a proposta dessa comunicação oral é apresentar reflexões preliminares acerca do uso do patrimônio arqueológico da Serra de Baturité na construção da história de longa duração dos povos indígenas na região, em particular o povo Karão Jaguaribaras. Têm-se como premissa as abordagens da Arqueologia Pública se vincula junto às demandas das populações indígenas. A serra de Baturité é vista como um grande potencial de ocupações desde o período pré-colonial, com registros arqueológicos de arte rupestre do Poço da Moça, em gravuras em baixo relevo, sítios líticos e cerâmicos, cemitérios e acampamentos antigos apontados pelo povo Karão Jaguaribaras. Sendo assim, propomos um levantamento qualitativo de dados secundários (bibliográficos e relatórios) sobre sítios arqueológicos dentro do território de ocupação. A partir disso, pretende-se discutir as informações existentes junto ao povo Karão Jaguaribaras, registrando suas narrativas sobre o patrimônio arqueológico. Visa-se, com isso, produzir conhecimento que seja agenciado para a proteção dos espaços sagrados.

S12T162

Contribuições à Dispersão da Tradição Aratu no Nordeste: A Subsistência no Sítio Arqueológico Serra do Evaristo, Maciço De Baturité, Ceará

S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais

S12T162

Igor Pedroza; Claudia Alves Oliveira; Demétrio da Silva Mützenberg; Evandro Clementino Ferreira

 

O sítio arqueológico Serra do Evaristo está localizado em um serrote homônimo que integra o conjunto do Maciço Residual de Baturité, um dos mais importantes enclaves de mata úmida do Ceará que se configura como ambiente de exceção no semiárido nordestino. Por meio de uma pesquisa financiada pelo IPHAN, via edital, foi realizada uma campanha arqueológica para resgatar conjuntos de vestígios aflorados que estavam em risco, a maioria constituída por vasilhas degoladas e exumadas. Em síntese, a pesquisa gerou um importante acervo artefatual e contextual caracterizado por sepultamentos primários em urnas funerárias, especialmente piriformes, expressivo conjunto de lâminas polidas, tortuais de fusos cerâmicos, raros líticos lascados e amostras diversas. As idades obtidas por C14/AMS indicam cronologias de 660 ± 30 BP (Cal 2σ AD 1280-1320 e AD 1350-1390) e 670 ± 30 BP (Cal 2σ AD 1280-1320 e AD 1350-1390). Tais elementos tecnológicos, cronológicos e contextuais estão diretamente associados às características da tradição Aratu. Pela localização do sítio, ele se configura como o representante mais setentrional desta tradição. Estudos complementares contribuíram com novos dados funerários e arqueométricos sobre o sítio. Por trazer, também, dados palinológicos, a pesquisa inaugura os estudos arqueobotânicos no Ceará por meio da identificação de plantas cultivadas, gramíneas e outros vegetais. A difusão desse acervo e seus contextos se faz, especialmente, através de um singelo e importante museu construído e gerido pela própria comunidade, em parceria com o Iphan e a Prefeitura Municipal de Baturité. A construção desse equipamento foi realizada com recursos de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Nossa proposta visa discutir aspectos da subsistência no sítio pelo cotejamento de dados artefatuais, ambientais e etnohistóricos. Com isso, busca-se contribuir com o conhecimento sobre a dispersão dos constituintes da tradição arqueológica Aratu no Brasil.

S09T43

Gravuras Rupestres em Redutos de Vida: Território e Paisagem no Leito do Rio Banabuiú e de seus Tributários, no Estado do Ceará

S09 Arqueologia: Patrimônios e Territórios

S09T43

Marcélia Marques; George Sampaio

 

A gravura rupestre pode ser considerada uma manifestação estética e, ao mesmo tempo, um patrimônio imaterial que para se manifestar requer a materialidade da rocha. Essa manifestação de arte pré-colonial, identificada até o momento, no leito do rio Banabuiú, no Estado do Ceará, e em alguns de seus afluentes, teve como local de escolha os afloramentos rochosos posicionados em tanques ou poços. Neste sentido, essas feições geológicas detinham o potencial de armazenamento de água, bem como se constituíam em áreas de atratividade de animais passíveis de serem capturados nesses locais de “espera da caça”, ou ainda, os últimos redutos para a vida de peixes. A constituição da paisagem nestes ambientes ocorria pela interação dos humanos com estes locais, a partir de escolhas de percurso onde os caminhos passavam a ser conhecidos pelo trânsito e ainda, pela socialibilidade do meio natural que dessa forma se territorializava. Vale observar, que em períodos históricos, o curso dos rios foram as principais vias de penetração em territórios em processos de colonização. Escolha, percurso e localização das realizações artísticas pré-coloniais se constituem nos principais elementos da paisagem arqueológica dos sítios de gravuras rupestres no leito do rio Banabuíu. Os sítios referidos neste estudo são a Pedra do Letreiro, São José Velho, Poço da Serra, Pedra do Oratório e Boqueirão do Giqui, onde a presença de tanques e poços é algo que lhes é comum, conforme foi dito acima. Alguns destes sítios apresentam marcas de depredação, muito provavelmente pela ausência de políticas patrimoniais. Está em fase de estudo a criação do Geoparque Sertão Monumental, envolvendo os municípios de Quixadá e Quixeramobim. Se ressalta que os estudos na área do rio Banabuiú, situados no município homônimo, visam contribuir com a inclusão deste município na área a ser contemplada pelo Geoparque supramencionado. Desse modo, aliaremos o conhecimento gerado na área sobre aspectos da vida das populações pré-coloniais e a importância de preservação destes contextos.

S09T117

Territórios, Paisagens e Arqueologia: Experiências Educativas no Âmbito do Programa de Educação Patrimonial do Complexo Eólico Fortim

S09 Arqueologia: Patrimônios e Territórios

S09T117

Leticia Ribeiro Ferreira Da Silva; Alberto Luiz dos Santos

 

O presente trabalho intenciona apresentar as atividades de educação patrimonial desenvolvidas no âmbito do Programa de Monitoramento Arqueológico, Educação Patrimonial e Resgate de Sítios Arqueológicos nas Áreas de Influência do Complexo Eólico Fortim, desenvolvido em Fortim (CE), no ano de 2019. As ações do Programa contaram com duas etapas de campo. A primeira centrada na “leitura do território” com objetivo de identificar pistas e recorrências, num sentido etnográfico e, principalmente, ouvir e aprender com os grupos locais. Essa etapa teve duração de uma semana, percorrendo comunidades rurais e bairros da área urbanizada, conhecendo pessoas, adentrando casas e apreendendo saberes e fazeres do cotidiano. Este elenco foi balizador da formulação das ações educativas do Programa, que abarcaram três universos: educação formal (alunos do ensino Fundamental I e II), educação não-formal (centrada no grupo de crianças e idosos assistidos pelo Centro de Referência de Assistência Social – CRAS) e grupos organizados (Associação de Artesãs). As atividades partiram da premissa de que o patrimônio é um direito, a ser mobilizado de modo processual. Desvinculamo-nos, assim, da ideia de que os patrimônios possuam valores inerentes, conforme Meneses (2000), entendendo que as referências culturais envolvem objetos, práticas e lugares aos quais os grupos atribuem sentidos de identidade, ação e memória (SCIFONI e NITO, 2017). Assim, as atividades propuseram a mediação em detrimento da exposição, orientadas pelo diálogo e comprometidas com a transformação social, efervescendo uma leitura crítica de mundo a partir do patrimônio-gerador (DEMARCHI, 2020), bem como uma pesquisa de si (LÉO NETO e MIZIARA, 2019), envolvendo educadores e educandos na comunhão de experiências significativas. Para elucidar tais atividades, apresentaremos os materiais de apoio formulados e o modo como a pesquisa arqueológica foi articulada às referências culturais, a partir das interpretações dos grupos locais.

S06T90

Patrimônio Cultural e Lugar de Memória: O Campo de Concentração da Seca em Senador Pompeu – CE

 

S06 Arqueologias do e no Contemporâneo

S06T90

Danyel Douglas Miranda De Almeida; Maria do Amparo Alves de Carvalho

 

A seca é um fenômeno cíclico, que acaba por contribuir na geração de diversos problemas ambientais e sociais. Com a falta de chuvas, o sertanejo torna-se emigrante, tendo como única esperança uma qualidade de vida melhor na Capital, que, em decorrência do superpovoamento, passa por diversas problemática. Como forma de contornar essa situação, o governo do estado do Ceará, em parceria com o governo federal e a elite fortalezense, empreende a construção de sete campos de concentração no ano de 1932 como forma de suprir a população de sertanejos e evitar os problemas em uma capital em desenvolvimento. Mesmo que essa tenha sido a ideia, esses espaços tornaram-se palco da morte de centenas de sertanejos, em especial, pela superpopulação, falta de saneamento básico e higiene e disseminação de doenças. Dessa forma, o presente trabalho vem com o objetivo de observar o estado de conservação das antigas estruturas da Vila Inglesa, que fizeram parte do Campo de Concentração do Patu (CCP), reconhecendo sua importância como Patrimônio Cultural e Lugar de Memória para população de Senador Pompeu, Ceará, Brasil. Na viagem de pesquisa ao CCP, realizou-se um intenso registro fotográfico, com incremento de imagens aéreas por drone e geração de pontos geográficos por GPS para construção de mapas. Visitou-se as estruturas encontradas no CCP, delimitando a área de estudo e realizando uma avaliação do estado de conservação das edificações presentes no local. A partir dessa visita, foi possível observar 11 estruturas pertencentes a Vila Inglesa, a estação ferroviária da cidade de Senador Pompeu e o Cemitério das Almas da Barragem. Essas estruturas foram utilizadas pela administração do CCP e também como forma de controle da população concentrada. Atualmente, grande parte das antigas estruturas ficam a mercê do intemperismo natural e antrópico, sendo que foram saqueadas as portas, telhado e janelas para construção de residências vizinhas. Como forma de preservar a história das centenas de pessoas que foram vítimas dos campos de concentração, a população de Senador Pompeu construiu um cemitério simbólico para seus mortos, que anualmente realiza-se uma romaria intitulada Caminha da Seca. Assim, dialogamos com a perspectiva de Pierre Nora (1993), de lugar de memória, havendo a necessidade da manutenção da memória de maneira constante para que ela não seja perdida, tendo a materialidade uma importante participação para essa perpetuação. Foi através dessa romaria religiosa e participação de ativistas que foi alcançado o tombamento pelo município da área que compreende o CCP. A partir disso, entendemos a necessidade do reconhecimento desse lugar por parte do Governo Estadual e Federal, o que traria mais visibilidade e proteção para esse lugar tão importante para a memória nacional.

S04T108

Levantamento dos Sítios Arqueológicos e Históricos Subaquáticos na Enseada do Mucuripe, em Fortaleza, Ceará

S04 Arqueologia subaquática no Nordeste

S04T108

Marcus Davis Andrade Braga; Marcelo de Oliveira Soares; Flávio Rizzi Calippo

 

Apesar do Ceará concentrar mais de uma centena de naufrágios e possuir um longo registro de ocupação costeira, nenhum dos 528 sítios arqueológicos cearenses cadastrados no IPHAN encontra-se em ambiente aquático. Isso, no mínimo, é uma evidência da necessidade de estudos no campo da arqueologia subaquática na região. Tendo como plano de fundo a Enseada do Mucuripe, em Fortaleza, Ceará, uma área portuária com longo histórico de uso e ocupação, e que concentrou diversas paisagens marítimas. E com o objetivo de contribuir para a identificação e preservação da cultural material, esta pesquisa objetiva inventariar e propor medidas de preservação e gestão para os possíveis sítios arqueológicos e históricos submersos na região, através da uma carta arqueológica e um plano de gestão dos sítios arqueológico, sob as perspectivas teóricas e metodológicas das Arqueologias Subaquática e Marítima, desenvolvidos no âmbito da dissertação de mestrado do autor, realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará. A pesquisa teve início a partir de um extenso levantamento documental e bibliográfico para a caracterização das diferentes paisagens marítimas e identificação de possíveis alvos com concentração de vestígios arqueológicos. Em seguida realizamos uma campanha de investigação in situ para a localização e caracterização dos alvos. Foram testados métodos e técnicas mais apropriadas para a pesquisa em campo, e iniciados testes e calibrações com equipamentos geofísicos, principalmente o sonar de varredura lateral, a análise de imagens de satélite e investigação direta por meio de mergulho científico. Os dados foram processados em laboratório com softwares para a elaboração de mosaicos do fundo e a construção de croquis e plantas dos sítios. Ainda que essa metodologia não tenha possibilitado a localização de 100% dos sítios indicados no levantamento de dados primários, o emprego do sonar de varredura lateral, aliado ao levantamento direto por mergulho científico, tem se mostrado uma combinação valiosa para a pesquisa e a documentação arqueológica subaquática. A partir dessa perspectiva, ao final do projeto, poderemos obter uma Carta Arqueológica e um Plano de Ação que servirá como base para a gestão do patrimônio cultural da Enseada do Mucuripe.

S03T32

A Carta Arqueológica da Microrregião Brejo Santo, Estado do Ceará, Brasil

S03 Arqueologia e diálogos entre patrimônio cultural e educação patrimonial

S03T32

Daline Lima De Oliveira; Ângelo Alves Corrêa

 

Este trabalho traz os resultados preliminares da dissertação “A Carta Arqueológica da Microrregião Brejo Santo, Estado do Ceará, Brasil”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Arqueologia (PPGArq) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), apresentando um levantamento dos sítios arqueológicos históricos e pré-coloniais, tendo como objetivo caracterizar o processo de ocupação humana pretérita na microrregião de Brejo Santo (que está composto pelos municípios de Abaiara, Brejo Santo, Jati, Milagres e Penaforte), Estado do Ceará, a partir dos estudos da espacialização dos sítios arqueológicos. A metodologia utilizada incluiu a plotagem geográfica e descrição desses sítios arqueológicos, visando auxiliar na análise de suas espacialidades, além da divulgação e preservação desse patrimônio cultural. Os resultados até o momento indicam a existência de 61 (sessenta e um) sítios arqueológicos, onde, em termos tipológicos, os sítios lito-cerâmicos são maioria com 23 (vinte e três) sítios, vindo em seguida, os sítios somente com vestígios líticos com um montante de 20 (vinte) lugares arqueológicos; os sítios somente com cerâmicas são 8 (oito); os sítios somente com vestígios históricos são 4 (quatro); sítios com arte rupestre são 3 (três); sítios cemitérios são 2 (dois) e sítio com a presença de vestígios líticos e pintura rupestre 1 (um). A princípio, por esses dados iniciais, foi possível constatar que a predominância de vestígios arqueológicos na área da pesquisa é de vestígios líticos e cerâmicos, ou seja, esses vestígios culturais envolvem 85% da tipologia existente nessa área, além da presença de áreas com vestígios de enterramentos, adornos e urnas funerárias