S13T94

A Comunidade Vai a um Sítio de Arte Rupestre: Dinamização, Manejo e Divulgação do Sítio Serra das Paridas I, em Lençóis – Bahia

S13 Cultura material, Gestão de Acervos e Compartilhamento de Saberes

S13T94

Alvandyr Dantas Bezerra;

 

A região de Lençóis é um dos itinerários turísticos mais visitados na Bahia. Esse cenário, deve-se à conjunção de atrativos naturais e culturais, unidos às possibilidades de se realizarem roteiros de trilhas e excursões a grutas próximas. No território, existe um roteiro desconhecido dos moradores locais e da maioria dos visitantes: o sítio Serra das Paridas I, um espaço arqueológico rico de representações de arte rupestre e um verdadeiro museu de arte visual em que há uma estreita relação entre a criação humana e o espaço natural, proporcionando a quem os visita, uma visão em perspectiva histórica da forma de aproveitamento da natureza e dos sistemas gráficos, que envolvem tecnologia, estilos e simbolismos. A visita guiada na Serra das Paridas I é um exemplo deste vínculo entre o homem e a natureza, podendo ser considerado como um verdadeiro museu/aula. Nesse sentido, as ações educativas e as visitas guiadas realizadas na Serra das Paridas I, vem mostrando a importância de envolver as comunidades na compreensão e valorização do seu patrimônio cultural, tendo em vista que as mesmas possuem um papel ativo na preservação deste patrimônio. As ações sociais realizadas na Serra das Paridas I, constituiu-se numa forma de divulgar a importância do patrimônio e de enriquecer o conhecimento das comunidades em questão, fazendo com que essas se tornem parceiras na causa, ajudando a preservar uma herança cultural. Os locais com pinturas rupestres podem ser paragens de entretenimento, mas é também, e talvez o seja antes de tudo, um “centro de pesquisa”, preservação, apresentação de contextos culturais e experiências que, de algum modo, se tornam importantes para as comunidades locais e os visitantes em geral. A Serra das Paridas I é considerado um dos mais apropriados conjuntos de sítios de pinturas da Bahia que pode ser visitado como um museu a céu e como salas de aulas. Parece ter sido um laboratório de experiências gráficas em que se testaram pigmentos, combinações de cores, pincéis, topografia do abrigo, dimensões, sobreposições, etc. Deste modo, o objetivo da realização de visitas guiadas é seu uso didático, não somente para a divulgação de informações arqueológicas conseguidas, mas também para a formação de um sentimento de topofilia que é básico para o reforço da consciência identitária e proteção do patrimônio arqueológico.

S12T95

Proteção e Gestão de um Sitio Aratu no Oeste da Bahia

S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais

S12T95

Alvandyr Dantas Bezerra;

 

– “Alô! É da polícia? Estão escavando os potes de cerâmica aqui da Vila de Piragiba…” (Outubro de 2020). – “Vão colocar poste de energia aqui na Vila de Piragiba? Tem de ter cuidado. Aqui é um sítio arqueológico…” (Maio de 2004). O Sítio Arqueológico Praça de Piragiba está localizado no município do Muquém do São Francisco, Oeste da Bahia. No período de 1996 a 1998, as primeiras pesquisas arqueológicas são conduzidas por uma equipe da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob a Coordenação do Prof. Carlos Etchevarne e apresenta para o mundo acadêmico importantes resultados das pesquisas, com a identificação de mais de 140 sepultamentos, quase todos em urnas funerárias e a coleta de mais de 500 lâminas de machado lascadas, além de alguns milhares de lascas. Após esse período, outras pesquisas se seguiram sob a Coordenação do Prof. Luydy Fernandes, a partir de parcerias entre a UFRB e UFMG, ampliando as informações e percepções sobre a Tradição Aratu. Quase 25 anos após as primeiras pesquisas em Piragiba, o sítio Aratu identificado na Vila, continua resistindo ao tempo e às ameaças antrópicas, escondendo no subsolo uma série de outras urnas funerárias. A quem podemos atribuir a preservação dos vestígios Aratu ainda existentes? Aos pesquisadores que vem e vão? Ao IPHAN? Aos Gestores Municipais? Talvez a todos, mas sem a participação e o reconhecimento dos moradores da importância desse espaço arqueológico as pesquisas não teriam continuidade. A inserção do trabalho do arqueólogo dentro de comunidades tem permitido diversas reflexões sobre a relação entre o pesquisador e as pessoas que residem no entorno dos sítios arqueológicos, demonstrando a consolidação da ideia de que as pesquisas, desenvolvidas em conjunto com moradores locais, possibilitam uma nova percepção deles acerca dos sítios arqueológicos. Uma nova visão pode redundar na própria preservação dos mesmos. Essa relação de perceptibilidade dos locais arqueológicos que se instala, via a pesquisa, induz a novas caracterizações territoriais e posicionamentos espaciais referenciais, no plano simbólico e no prático, construídos pelos próprios habitantes vizinhos aos sítios. Dessa percepção podem derivar estímulos para a conservação e uso dos locais, que ficariam assim, envolvidos na esfera reconhecível do universo do cotidiano. A Vila de Piragiba é um exemplo!

S12T53

Análise Espacial do Sítio Canaã, Itapé – BA: Cerâmica e Preparação de Alimentos em um Sítio Aratu no Sul da Bahia

S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais

S12T53

Morgana Cavalcante Ribeiro; Rodrigo Lessa Costa

 

Nesse trabalho, apresenta-se as discussões que têm orientado a pesquisa em curso acerca da análise espacial intra-sítio do sítio Canaã, localizado no município de Itapé-BA, Vale do Rio Colônia, sul baiano. Para tanto, será utilizado o conjunto de dados obtidos do contexto arqueológico, através das escavações e das análises laboratoriais. O sítio Canaã apresentou em seu contexto material lítico (lascado e polido), ósseo e cerâmico, majoritariamente, que foram filiados à Tradição Aratu. No referido sítio verificou-se que todo o material faunístico e malacológico está concentrado em duas unidades de escavação, em associação com material lítico e cerâmico. Nesse sentido, discute-se a possibilidade de que essa área do sítio tenha sido dedicada à preparação de alimentos, visto a associação com ferramentas de pedra e vasilhames cerâmicos que possuem grafite em sua composição. O uso do grafite nos vasilhames cerâmicos, como tempero ou engobo, tem o propósito de melhorar o desempenho ou performance da vasilha durante o processo de cocção dos alimentos. Com os dados disponíveis, verifica-se a existência de escolhas técnicas entre os artesãos para atender tal propósito, devido às propriedades intrínsecas da matéria-prima utilizada. Partindo disso, conjectura-se que o material cerâmico pesquisado integrava um contexto doméstico de recipientes utilizados na preparação de alimentos. Observa-se ainda a existência de depósitos de grafite próximos ao sítio Canaã, a distâncias similares às registradas etnograficamente em sociedades oleiras durante a aquisição de matéria-prima para confecção de cerâmica, de modo que discute-se com a análise extra-sítio a aquisição do grafite pelas oleiras pré-coloniais, através da qual busca-se compreender a interação entre os grupos humanos pretéritos no sul da Bahia e o seu ambiente circundante.

S12T27

A Tradição Aratu na Bahia

S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais

S12T27

Henry Luydy Abraham Fernandes; Fernanda Libório Ribeiro Simões

 

Tendo por base os trabalhos seminais de Valentin Calderón e pesquisas a partir da década de 90 do século XX esta proposta deseja apresentar um panorama da Tradição Aratu na Bahia. Trataremos dos ambientes das ocupações, das (poucas) datações, da cultura material dos sítios e do seu aspecto mais típico: os sepultamentos. Apesar de uma aparente constância na Bahia, quebrada pela dicotomia entre as fases Aratu e Itanhém, existem outas modulações percebidas nos sítios, presentes tanto no horizonte lítico como no cerâmico. O total de pouco mais que 90 sítios mostra preferências por dois ambientes: a Mata Atlântica litorânea e os Cerrados do Oeste, parecendo evitar a Chapada Diamantina. O sepultamento primário em urnas era a única forma conhecida até 1996, quando estudos no Oeste revelaram 8 exemplos de 2 novas modalidades. Se a fase Itanhém, mais recente e exclusiva da faixa litorânea, exibe efusiva decoração plástica indicando interações com a Tradição Tupiguarani; a fase Aratu, mais antiga, espalha-se pelo estado com uma utensilhagem cerâmica mais inalterada. Quanto ao acervo lítico, no Oeste está bem definida uma indústria regional de numerosas de lâminas lascadas (arenito silicificado, sílex) ao passo que o polimento impera alhures. Ao sul, próximo do norte de Minas Gerais, há uma indústria lítica lascada similar, surpreendentemente sobre rochas básicas (diabásio, basalto). Outra indústria lítica pouco conhecida destina-se a obtenção de adornos em caulinita silicificada, também do Oeste. Ainda sobre adornos, quer sejam líticos, em ossos, conchas, dentes ou sementes, são frequentes como acompanhamentos funerários em diversos sítios. Em termos de densidade e datação recuada, parece haver dois focos na Bahia: um no Oeste e outro no Recôncavo, contraditoriamente nos extremos do estado, afastados por mais de 700km. Entretanto, são poucos dados de pesquisas concentradas em algumas zonas. Muito há por se fazer, haja vista, por exemplo, o baixo número de datações confiáveis.

S12T172

Agua Vermelha, um sítio Aratu no sul da Bahia

S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais

S12T172

Carlos Etchevarne;

 

O sítio Aratu de Água Vermelha constitui uma situação excepcional no âmbito da Arqueologia e no da Etnologia. No primeiro caso, porque se trata de material arqueológico em excelente estado de conservação, ficando evidenciado, recentemente, por causa da preparação do terreno para o cultivo. De fato, arando a terra para o plantio surgiram três urnas, que pelas suas características permitiram a vinculação com os grupos Aratu, não sendo as únicas a serem identificadas na área. Ou seja, o local tem vestígios de uma grande aldeia, como geralmente eram as dessas sociedades. Por outro lado, os vestígios foram localizados por membros das comunidades de povos originários que ocupam a reserva hoje denominada Terra Indígena Caramuru Paraguaçu (TICP). O achado das urnas provocou grande impacto nos moradores que, imediatamente, se envolveram na proteção e destino delas. A partir desse momento as urnas assumiram um papel crucial, porquanto recipientes funerários que receberam os corpos de ancestrais. De fato, por ocuparem o mesmo espaço, em tempos recuados, permitiram a criação de um forte vínculo de parentesco simbólico, com os membros contemporâneos. A apresentação focará, assim, aspectos arqueológicos e etnológicos, demonstrando a excecionalidade do caso.

S09T97

Patrimônio e Salvaguarda de Bens Culturais: Reflexões sobre Possibilidades de uma Gestão Social do Engenho Vitória

S09 Arqueologia: Patrimônios e Territórios

S09T97

Gabriel Carvalho Santos; Ricardo José Brugger Cardoso

 

O presente trabalho tem como objetivo investigar as possibilidades de se estabelecer uma gestão social do Engenho Vitória, localizado na cidade de Cachoeira, Bahia, e que foi um equipamento industrial que se notabilizou como um dos principais produtores de açúcar na região, funcionando de 1812 até 1950, tendo como perspectiva a participação das diferentes instâncias do poder, da sociedade civil cachoeirana e, sobretudo, da comunidade quilombola do Engenho da Vitória, fundada por antigos trabalhadores deste empreendimento e que atualmente residem no entorno do engenho. Destaca-se em uma primeira análise a ausência de uma participação sociocultural mais ativa nas políticas nacionais de preservação do patrimônio cultural, o que se torna uma das premissas para que estes bens edificados entrem em processo de arruinamento. Este estudo busca, portanto, articular os procedimentos que permitam a atuação conjunta entre o Estado e a comunidade cachoeirana, entendendo que as noções acerca do patrimônio necessitam desta junção para o delineamento de uma preservação integrada e de futuros estudos de viabilidades de uso do Engenho Vitória, bem como de sua sustentabilidade.

S09T61

A Temporalidade da Paisagem Quilombola da Ilha de Tinharé. Permanências e Rupturas da Territorialidade Associada a História de Formação da Comunidade Quilombola de Galeão

S09 Arqueologia: Patrimônios e Territórios

S09T61

Fabio Guaraldo Almeida;

 

Os grupos que hoje são considerados remanescentes de quilombos se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos históricos (GUSMÃO, 1996; ALMEIDA, 1998). Além do modelo palmarino – assentamentos formados por grupos de escravizados fugidos –, existem quilombos formados em terras doadas pelos ex-senhores, em terras recebidas como pagamento por serviços prestados ao Estado, pela simples permanência de ex-escravizados nas terras das fazendas abandonadas pelos seus proprietários falidos, porções de terras compradas pelos ex-escravos, formação de comunidades em terras da igreja ou vilas e sedes de fazendas ocupadas pelos ex-escravos, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após a abolição (ALMEIDA, 1998). O levantamento arqueológico realizado junto à comunidade quilombola de Galeão (situada na ilha de Tinharé, município de Cairú, na região litorânea do baixo sul baiano) aponta que os ex-escravizados das antigas fazendas dos pequenos lavradores locais e os quilombolas que formaram pequenos assentamentos no interior da ilha durante o sistema escravista, se juntaram no período pós abolição e, paulatinamente, ocuparam a antiga vila colonial abandonada pela oligarquia branca falida. A presente comunicação pretende mostrar o conjunto de sítios arqueológicos, mapeados na ilha de Tinharé ao longo do trabalho de etnografia arqueológica realizado junto com os moradores da comunidade de Galeão. A caracterização desses sítios a partir do anacronismo histórico revela um palimpsesto dinâmico, fluido e sobreposto por fronteiras territoriais de diferentes grupos em constante interrelação com os lugares e elementos da paisagem insular regional. Por outro lado, o trabalho etnográfico mostra como a territorialidade da atual comunidade quilombola de Galeão preservou padrões de mobilidade, associando áreas de moradia e locais de atividades, que permitem uma correlação com os tipos de sítios arqueológicos mapeados na ilha. O resultado das pesquisas revelou fatores de sincronismo da paisagem quilombola da ilha de Tinharé na longa duração, relevantes para pensar categorias atuais de patrimônio, identidade e território quilombola.

S09T60

Escola Agrícola de São Bento das Lages: Diálogos entre Patrimônio e Arqueologia

S09 Arqueologia: Patrimônios e Territórios

S09T60

Lauro José De Assunção Rosa Cardoso; Suzane Pinho Pepe

 

Este trabalho visa o estudo interdisciplinar das representações sociais e das dimensões patrimoniais, relacionadas com a antiga Escola Agrícola em São Francisco do Conde, (inaugurada no dia 15 de Fevereiro de 1877) a partir da pesquisa de campo e revisão bibliográfica. Trata-se de uma investigação em andamento, dentro do mestrado em Arqueologia e Patrimônio Cultural pela UFRB, com a perspectiva de evidenciar reflexões em torno das políticas patrimoniais e restaurativas, relações sociais e transformações deste edifício em ruína, partindo da seguinte pergunta: quais têm sido as representações sociais e dimensões patrimoniais relativas às ruínas da Escola Agrícola? Desta forma, pretende-se nesta apresentação, falar sobre a abordagem teórica, metodológica e conceitual, através de possíveis discussões de autores e obras relacionadas com os conceitos ou categorias de pensamento como Fato Social, Representações Sociais, Patrimônio Cultural, Restauração, Ruínas e Lugar de Memória. Obviamente, tais conceitos visam entender a realidade sociocultural que diz respeito à antiga Escola Agrícola. Igualmente, objetiva-se apresentar um debate sobre os aspectos históricos e institucionais que abarcam o recorte específico desta pesquisa, assim como, salientar a questão patrimonial, arqueológica, política e museal que, certamente, também faz parte das dimensões reais, empíricas e visíveis para a temática em estudo. Perspectiva-se também falar sobre as possibilidades de discussão e análise dos diálogos que estão sendo estabelecidos com algumas pessoas e moradores já identificados de São Francisco do Conde, tendo em conta as suas relações e representações no que concerne às memórias desse lugar, tal como, as narrativas existentes sobre o mesmo. Ainda nesta apresentação, a ideia é abordar sobre as categorias de pensamento como Espaço, Paisagem e Tempo, no sentido de entender a trajetória material e intangível que perpassa a antiga Escola Agrícola, considerando, igualmente, a possibilidade de realizar um ensaio fotográfico e visual, que reflita sobre as probabilidades de ressignificação destas ruínas em termos imagéticos. Resumidamente, o foco desta apresentação é o de trazer elementos e aspectos cruciais ao desenvolvimento, levando em consideração o objeto e os objetivos inerentes, sem perder de vista uma interpelação sobre a hipótese e o problema da investigação.

S08T99

Patrimônio(S) Soteropolitano(S)

S08 Os excluídos e deslegitimados como sujeitos ativos na disseminação do patrimônio cultural em programas de pesquisa arqueológica de áreas urbanas em Salvador

S08T99

Railson Cotias Da Silva;

 

O propalado aumento das pesquisas arqueológicas de âmbito preventivo nas cidades é uma realidade no Brasil neste século XXI, mas afinal como estamos olhando para o patrimônio arqueológico das cidades? Em Salvador, por exemplo, uma série de obras de infraestrutura urbana tem alterado a paisagem local, seja com a introdução de novos elementos estruturantes ou buscando promover a reutilização de espaços degradados. No entanto, neste contexto, apenas as intervenções localizadas no cinturão compreendido pelo centro antigo da cidade do Salvador, tombado como patrimônio mundial pela UNESCO em 1985, teve algum tipo de investigação arqueológica, desconsiderando os sítios que extrapolam esta poligonal. A pesquisa iniciada no bojo da implantação do VLT do Subúrbio Ferroviário de Salvador, bordeando longitudinalmente a Baía de Todos os Santos, no lado oeste da cidade, oferece importante oportunidade de reunir novos olhares sobre o território, numa perspectiva conceitual de Milton Santos. A referida região, marcada atualmente por forte segregação sócio-territorial, é também pouco valorizada como paisagem histórica e cultural. A ocupação inicial se deu com a instalação dos primeiros engenhos de cana de açúcar na orla primitiva, seguido de unidades fabris e linha férrea, ligando Salvador a Juazeiro, no século XIX. Adentrando o território, em sítios de topografia acidentada, observou-se a criação de núcleos em territórios rurais, lugares afastados do controle oficial, para a consolidação de práticas religiosas de matriz africana, consagrando lugares cuja toponímia atual remete aos usos antigos do espaço. Urge, portanto, ampliar o debate sobre o patrimônio arqueológico da cidade do Salvador, utilizando aqui o recorte do subúrbio ferroviário como patrimônio metropolitano de inigualável valor.

S08T86

“Sou o Novo, Sou o Antigo, Sou o que não Tem Tempo, o que sempre Esteve Vivo, mas nem sempre Atento”: Arqueologia, Invisibilidade e Consolidação de Espaços Urbanos

S08 Os excluídos e deslegitimados como sujeitos ativos na disseminação do patrimônio cultural em programas de pesquisa arqueológica de áreas urbanas em Salvador

S08T86

Jeanne Almeida Dias;

 

Este artigo propõe discutir como a conformação espacial da urbe, através da construção da ideia de lugar, atua na invisibilização de alguns grupos sociais, intensificando o processo de violência simbólica, a partir da sua exclusão. Busca-se, entender, por meio da análise dos resultados da pesquisa arqueológica realizada durante as obras de Requalificação na Colina do Bonfim, em Salvador, como a consolidação do espaço enquanto lócus religioso católico, atua na revivicação da invisibilidade de outros grupos sociais, atrelados a religiões diversas, a partir de um processo de negação e/ou exclusão da presença e permanência desses grupos no uso conjunto desses espaços. Assim, examina mais detalhadamente como o sobrepujo e intensificação da “ideia” de um espaço católico adensa a marginalização de outras práticas religiosas, tradicionalmente, realizadas no local e, em última análise, delimita e reitera o perfil dos grupos historicamente excluídos.