A Tradição Aratu na Bahia
S12 Revisitando a Tradição Aratu a partir de suas formas de variabilidade tecnológica e contextuais
S12T27

Henry Luydy Abraham Fernandes; Fernanda Libório Ribeiro Simões

Tendo por base os trabalhos seminais de Valentin Calderón e pesquisas a partir da década de 90 do século XX esta proposta deseja apresentar um panorama da Tradição Aratu na Bahia. Trataremos dos ambientes das ocupações, das (poucas) datações, da cultura material dos sítios e do seu aspecto mais típico: os sepultamentos. Apesar de uma aparente constância na Bahia, quebrada pela dicotomia entre as fases Aratu e Itanhém, existem outas modulações percebidas nos sítios, presentes tanto no horizonte lítico como no cerâmico. O total de pouco mais que 90 sítios mostra preferências por dois ambientes: a Mata Atlântica litorânea e os Cerrados do Oeste, parecendo evitar a Chapada Diamantina. O sepultamento primário em urnas era a única forma conhecida até 1996, quando estudos no Oeste revelaram 8 exemplos de 2 novas modalidades. Se a fase Itanhém, mais recente e exclusiva da faixa litorânea, exibe efusiva decoração plástica indicando interações com a Tradição Tupiguarani; a fase Aratu, mais antiga, espalha-se pelo estado com uma utensilhagem cerâmica mais inalterada. Quanto ao acervo lítico, no Oeste está bem definida uma indústria regional de numerosas de lâminas lascadas (arenito silicificado, sílex) ao passo que o polimento impera alhures. Ao sul, próximo do norte de Minas Gerais, há uma indústria lítica lascada similar, surpreendentemente sobre rochas básicas (diabásio, basalto). Outra indústria lítica pouco conhecida destina-se a obtenção de adornos em caulinita silicificada, também do Oeste. Ainda sobre adornos, quer sejam líticos, em ossos, conchas, dentes ou sementes, são frequentes como acompanhamentos funerários em diversos sítios. Em termos de densidade e datação recuada, parece haver dois focos na Bahia: um no Oeste e outro no Recôncavo, contraditoriamente nos extremos do estado, afastados por mais de 700km. Entretanto, são poucos dados de pesquisas concentradas em algumas zonas. Muito há por se fazer, haja vista, por exemplo, o baixo número de datações confiáveis.